Anda o mundo roto

E chove como na rua!

Depois do ultraje que foi a história das medusas em Espanha (aquelas malcriadonas fizeram ouvidos moucos aos protestos dos banhistas!!!), eis que mentes iluminadas do nosso planeta decidem despromover o pobre do Plutão, depois de 76 anos de labuta!

Estou indignada!

76 anos de trabalho para isto?!?
E os direitos adquiridos?
Não há por aí um Carvalho da Silva que venha botar faladura?

Outra

"Ah e tal, em Agosto tá-se bem é a trabalhar! Tá tanto calor que não se pode andar na rua ... ao menos nos edifícios há ar condicionado!"

Pois sim, tá bem!

Para quem dorme no escritório e/ou vem trabalhar de corsários e chinelete, até pode ser verdade...

Sucede porém que infelizmente tenho de andar cheia de roupa digna (até porque nada há de mais digno do que uma pessoa bem vestida a escorrer suor), que por pouco tempo que seja até vou dormir a casa e por fim, que houve alguém que demoliu o corredor com ar condicionado que existia entre a minha casa e a sacristia!

Sinto-me enganada

Disseram-me que o mês de Agosto é óptimo para trabalhar.

Disseram-me que em Agosto a cidade está vazia.

Disseram-me que em Agosto não há trânsito e os parques de estacionamento estão vazios.

Disseram-me que em Agosto não se faz nada.

E eu, burra e ingénua, confiei e dei pulos de alegria por não ter direito a férias este mês de Agosto.

Sonhei e ansiei pelo meu mês de Agosto calmo e sossegado.

Férias sem gastar dias.

Reparo agora que quem diz que o mês de Agosto é aquilo tudo é precisamente quem está de férias em Agosto, fora da cidade, a usar chinelo no pé, numa casa em frente à praia.

Quem acha que o mês de Agosto é optimo para trabalhar é no fundo quem passa o trabalho todo a quem tem efectivamente de trabalhar durante o magnífico mês de Agosto, de esperar horas na fila do semáforo e dar voltas infinitas à procura de estacionamento. A quem de facto não faz nada... a não ser trabalhar.

É que até o cabrão do homem que distribuía o Destak à porta da sacristia está de férias!

A inveja é uma coisa muito feia.

Dou por mim a invejar as empregadas da limpeza e os trolhas, que começam a trabalhar à mesma hora que eu mas saem à hora do meu lanche.

Invejo os seguranças do edifício, sobretudo aqueles que saem comigo... porque começaram a trabalhar depois do meu lanche.

Invejo os homens da recolha do lixo... o nariz sempre se habitua ao cheiro... e depois de uma noite de trabalho podem dormir o dia todo.

Invejo-os a todos e dou por mal empregue os anos que passei em formação académica. Por que não parei eu de estudar assim que acabei a 4ª classe?

Invejo-os a todos porque têm vida, porque podem gastar o pouco que recebem aos fins-de-semana, à noite, durante o dia e fazer pequenos gastos supérfulos. São donos do seu próprio tempo e dinheiro.

Invejo todos aqueles que acham que um pastor ganha bem... invejo-os porque vivem felizes assim, na ignorância, com o seu empregozinho simples, com horários certos e fins-de-semana garantidos, esteja ou não o trabalho feito.

Invejo-os porque têm tempo para se alimentarem e descansarem e dizerem mal de quem aparentemente, mas só aparentemente, tem mais do que eles. Invejo-os por não perceberem que quem ganha mais tem necessariamente de fazer muito mais despesas, porque há que manter a postura e a dignidade da profissão.

Invejo-os por não perceberem que é tudo relativo.

Na verdade, tudo depende da perspectiva... afinal de contas, qual é o valor da vida aos 30 anos?

Foda-se! Por que não fui eu para secretária?