terça-feira, janeiro 04, 2005

Considero-me uma pessoa liberal mas os meus discursos valem apenas para os outros... Ou outras.
Apregoo a igualdade dos sexos mas mantenho alguns preconceitos que me foram incutidos quando era pequena.
Rio-me da minha mãe mas penso como ela. Ou penso o que ela pensaria de mim se fizesse tudo o que me passa pela cabeça, o que pensaria se soubesse metade das coisas que faço ou das que tenho vontade de fazer.
E o ridículo é que penso apenas em relação a mim.
Sexo, por exemplo, é uma coisa suja e porca de que tenho de me envergonhar.
Eu gosto, mas gostava de não gostar. Ou melhor, não consigo deixar de me sentir culpada por gostar.
Acho perfeitamente normal que se aproveite o momento, que no fim de uma noite bem passada e de umas beijocas um homem queira (e tudo tente para o fazer) levar a menina para a cama. É de homem. É assim que eles funcionam, sabemo-lo bem.
Mas no que a mim diz respeito, e por mais desejo que tenha, acho que tenho de fazer-me difícil e recusar com todas as forças que tiver.
Uma mulher séria e honesta só vai para a cama com o pai dos seus filhos ou, na melhor das hipóteses, com o homem que julga que será o pai dos seus filhos. Está, portanto, excluída a possibilidade de fazer amor com um amigo colorido. A menos que esse amigo colorido já tenha sido namorado, facto que legitima uma nova escapadela.
Faz todo o sentido, não faz?