domingo, outubro 09, 2005

Dizem que sou exigente

E que é por isso que não encontro testo para esta panela.
Porém não concordo e a provar isso aí estão os meus últimos namorados... se por algum acaso fui exigente, o tiro saiu-me pela culatra e nem sequer se obste com a história do "quem feio ama bonito lhe parece" que, pelo menos quanto ao último, nunca tive dúvidas que bonito não era de certeza.

Tenho algumas exigências, como é óbvio, mas quem as não tem?
No fundo no fundo, dizia eu esta semana à minha amiga Cremilde, tudo é uma questão de confiança e auto-estima. Se eu me convenço que mereço um copo com dois deditos de água, nunca vou conseguir tê-o cheio, ou sequer meio-cheio e ficarei a minha vida inteira a queixar-me da fraca sorte com que a vida me brindou.
É por isso mesmo que, além da boca, das mãos e dos pêlos nos braços (cfr. alguns posts atrás), adiciono à minha lista de requisitos mínimos de candidatura ao concurso, que brevemente abrirei, de acesso à companhia simpática de Menina BJ, o nome.
Sim, minha gente, o nome é das coisas mais importantes.
O nome e a voz.
Mas principalmente o nome.
Encontrar um homem lindo de morrer, de ombros largos e barriga six-pack (ele anda algures por aí à minha procura que eu sei), pêlos nos braços fortes e olhos verdes e ouvir uma vozinha púbera pronunciar um "Nelson"/"Sérgio"/"Helder"/"Rúben"... é como ouvir um Tom Jobim num gira-discos antigo com uma agulha que de repente emparvece e risca aquela merda toda... a música faz um barulho parecido a um vómito e pára de repente. O disco fica irremediavelmente estragado.
É que se quanto à voz ainda podemos ter esperança de que a coisa mude (eu até diria engrosse, mas tenho medo de ser mal interpretada... olha, já disse), nem que seja à conta de muitos maços de tabaco e litros de aguardente, já quanto ao nome... valha-me Deus... A solução é chamar "amor" mas isso é ainda mais foleiro do que chamá-lo pelo nome...
Ai Nelson que tens um rabinho tão bom! Oh Rúben faz-me uma massagem! Ai sim, Helder, sim...
Ou
Oh 'mor... 'Moooooor!
Não dá. Tira o romantismo a tudo e não há pica que resista, por mais ostras e morangos e champanhe e gengibre que se comam.
Além de que é uma grandessíssima vergonha...
Mãe, este é o Nelson!
Nelson, apresento-te o Gustavo, um amigo meu/o meu ex-namorado/primo/tio...
Ai Cremilde o meu Hélder é a coisinha mais linda que Deus fez...
Não pode ser, um nome tem de ter um mínimo de correspondência com a aparência e a personalidade e desfazamentos destes não são permitidos pelos meus regulamentos internos.
E talvez não fosse má ideia começar logo no Registo Civil a fazer uma triagem dos nomes que podem ou não ser usados por esta ou aquela pessoa. Tipo: onde vive? Como se chamam os seus pais? Ora mostre lá a carinha da criança... Para si temos Evaristo, Ruben e Levi.
A senhora quer pôr Cristiano ao seu filho? Não pode, só se for um Guilherme. E Tiago também pode ser, ou Tomás.
Na dúvida, ou para pessoas mais reticentes, haveria sempre o vulgar e democrático João (sendo certo porém que o segundo nome obedeceria também a algumas regras).
Seria tudo tão mais simples...
(a voz é também extraordinariamente importante mas isso fica para outro dia)