- A Santa Casa prevê que se apostem 40 milhões de euros esta semana no Euromilhões.
Pergunto-me por que raio não há-de a Santa Casa distribuir esses 40 milhões pelos apostadores e ao menos assim ficava o país inteiro contente.
- Nevou pelo país inteiro e até mesmo na praia. O mundo parou e as notícias foram sobre os farrapos de neve que caíram e o volume de tráfego de cada operadora entre as 15 e as 15h30, altura em que nevou em Lisboa.
Ninguém comentou sobre o volume de tráfego da Optimus entre o meio dia e meia e a uma da tarde de Domingo em Alguidares de Baixo, onde não nevou mas também aconteceram coisas importantes.
Ou o da Vodafone no período compreendido entre as 13h45 e as 14h de Segunda-feira, altura em que a menina espirrou a bom espirrar e todos se assustaram muito a pensar que era o fim-do-mundo e desataram a ligar aos entes queridos espalhados pelo mundo fora para uma última palavra de carinho.
Curiosamente em Évora, no mesmo dia em que caíram os tais farrapos em Lisboa, nevou a bom nevar e logo desde manhã. Ninguém sabe se os telemóveis alentejanos entupiram.
O país é Lisboa e o resto é paisagem.
- Ainda no Domingo e por causa do frio, a Câmara de Lisboa e o Metro, como é já habitual em noites frias abriram, generosamente, as portas de 3 estações de metro para que os sem-abrigo pudessem dormir mais quentinhos. Um senhor zeloso dizia para as câmaras de televisão que havia mais duas estações que iam estar abertas mas apenas como ponto de encontro. Quem quisesse que se dirigisse lá para ser depois transportado para as estações abertas.
Imagino o Zé Manel, já deitado no seu cartão à porta da 9ª Conservatória do Registo Predial, a levantar-se relutante e a desligar a televisão para ir para a estação de metro onde podia dormir nessa noite.
É que só assim se compreende que isto seja notícia de telejornal: para informar os sem-abrigo que como toda a gente sabe escondem verdadeiros plasmas naqueles colchões sebentos. A menos que me tenha escapado alguma coisa e este seja de facto um acto de grande generosidade digno de publicidade em horário nobre.
- Esta noite fui acordada por um buzinão num bairro residencial. Pensei que estivéssemos a ser atacados por muçulmanos enraivecidos de jornal árabe em punho com caricaturas da Virgem Maria. Logo depois viria, supus eu, o tal do pó branco que endoideceu meio mundo logo depois do 11 de Setembro, mais a gripe das aves e um míssil ou outro, tal era o desespero dos condutores da rua. Afinal era só um camião do lixo que teve a audácia de parar por uns segundos enquanto recolhia os nossos resíduos sólidos e, imagine-se, cuidava da saúde pública. Não há respeito nenhum por quem quer conduzir à noite!
E ainda me falam em emigrar? E de que escrevia eu se por algum acaso fosse parar a um país do primeiro mundo?