A minha missão em Alguidares de Baixo está a chegar ao fim e é chegada a hora de decidir se quero que me atribuam uma nova missão aqui (ainda há muita alma necessitada), ou se prefiro ir evangelizar para outra freguesia.
Eu ainda não sei.
Já tive missões em vários sítios. Nacionais e internacionais. Já estive, por exemplo, em Onde-Judas-Perdeu-as-Botas, n' O-Cú-de-Judas, n' Os-Quintos...
Há pouco tempo um pastor perguntou-me se estaria disposta a ir para Santacona-Do-Assobio e eu disse que talvez. Na verdade não depende muito de mim, mas dos desígnios do Sinhor.
E ainda bem que assim é porque não me apetece nada ter de ser eu a escolher.
Por um lado quero sair de Alguidares de Baixo. Por outro não.
Embora esteja já meio habituada a esta vida de missionária (hoje aqui amanhã logo se vê), custa-me sempre partir quando começo a ganhar raízes. Os primeiros tempos em qualquer sítio novo são sempre difíceis, mas no fim, acaba por acontecer algo tão bom e maravilhoso que compensa sempre o sofrimento das primeiras evangelizações. E acabo sempre por ficar com muita pena de deixar aquela gente que, vencidas as primeiras resistências, recebeu tão bem a palavra do Sinhor. Qualquer missão deixa sempre saudades.
Não posso dizer o mesmo desta última. Ainda.
Foi de todas a mais difícil e ainda não aconteceu nada, aqui em Alguidares, tão grandioso assim que compensasse o esforço que tenho feito. Não é que a vida aqui seja só sofrimento. Nada disso. Mas as alegrias de ver alguém a recitar um qualquer Salmo ensinado por mim, não são ainda suficientes para me deixar saudades desta terra. Se for embora agora, talvez nunca mais queira cá voltar. E não gosto disso.
Seria mais fácil a partida, é certo. Mas estou convencida que algo de verdadeiramente fenomenal está reservado para mim aqui. E é isso que me faz vacilar na hora de decidir ir embora. E se eu não estou cá quando essa maravilha chegar? De certeza que não vai atrás de mim... e Alguidares de Baixo nunca será uma recordação tão boa...