Estou triste e deprimida...
Esta semana não tem corrido nada bem e a única coisa que me anima é o facto de amanhã ser já sexta-feira.
Começo a achar que a Cremilde tem razão e que é a minha balança que está avariada... esta semana já fiquei com menos duas calças! Ora, tendo em conta que o meu guarda roupa de trabalho se resume a três pares de calças e um deles está apertado, não sei o que vestir amanhã.
A coisa começou logo bem na segunda-feira. Como estava bom tempo, um dos meus pastores decidiu ir pregar a palavra do sinhor para outra freguesia (Longe Comóraio) e decidiu que eu seria a sua acompanhante. Como aquilo era verdadeiramente longe, tivémos de parar em Bidés do Meio para fazer xixi e apreciar a vegetação. É então que, ao entrar na viatura ouço um crooook e sinto uma corrente de ar arrepiar-me os pelitos do rabiote. Foi o pânico! Ponho a mão para ver o tamanho do estrago e quase desmaio... O sobretudo, que eu nestas coisas tenho sempre sorte, estava no porta-bagagens e eu trazia apenas vestido um singelo blazer que terminava precisamente onde se iniciava a minha vergonha.
Como iria eu conseguir sair do carro sem que o pastor, ou quem quer que fosse que estivesse na rua, pudesse ter um vislumbre do meu fio dental. Pois, é que para melhorar a situação eu estava de fio dental...
Os longos minutos que mediaram este momento e Longe Comóraio, foram passados em ferverosa oração: Meu Deus, permite que isto não seja tão mau como parece. Por favor, que não haja ninguém na rua. Permite que esteja tanto frio na sacristia que não pareça ridículo eu passar a tarde de sobretudo vestido. Meu Deus, permite que haja uma loja de trezentos aberta onde eu possa comprar linha e agulha...
De vez em quando punha a mão outra vez, na esperança de que a minha prece fosse atendida e se operasse um milagre... mas em vão.
Deus, prometo que se me safares desta nunca mais gozo com a minha mãe por trazer um estojo de costura na carteira... Aliás, prometo que EU própria passarei a andar com um estojo de costura na carteira. Um não, dois!
Felizmente havia uma loja de chineses aberta e tratei logo de comprar alfinetes com os quais tentei remediar a situação na casa-de-banho enquanto o pastor lavava as mãos.
Mas claro que a coisa não podia ficar por aqui, ou não se tratasse de Mademoiselle Brígida Jonas... claro que no regresso da terreola a merda dos alfinetes se abriu: cheguei a Alguidares com o rabo perfurado (e não só que as calças abriram desde o meio até ao cós) e tenho neste momento alguns buracos a mais do que aqueles com que a mãe natureza me brindou.
Ontem, com o mesmo pastor, que mais uma vez quis ir passear, quase provoquei um acidente na auto-estrada. O pobre homeme não tugiu nem mugiu e para ser sincera acho que nem se apercebeu da gravidade da situação: o carro parado em plena faixa de rodagem na auto-estrada, dois metros à frente da polícia que estava a tomar conta de uma ocorrência (vulgo acidente daqueles que obrigam ao corte da faixa esquerda), os carros a ultrapassarem-nos e o pastor, muito calmamente, sai do carro e troca de lugar comigo. Ali mesmo. Na auto-estrada, nas barbas da polícia. Os dois a sair do carro sem coletes nem mariquices.
Achas porventura que ele estava preocupado com a minha condução??? Qual quê! Estava era preocupado por eu ter ficado nervosa. E ficou tão assustado que me pediu imediatamente que o acompanhasse amanhã a outro passeio. Mas eu que tenho coração fraco acho que já chega de emoções por uma semana que se isto é assim de cada vez que saímos juntos, nem quero pensar no que poderia acontecer amanhã!
Hoje mais um par de calças se descoseu. E a manga da camisola... pareço uma mendiga...
E estou assim neste marasmo, nesta neura, nesta depressão e nem o facto de me dizerem que não é possível melhorar mais aquilo que a mãe natureza já me deu me anima que estou que nem posso.
E ainda há mais um dia nesta semana horribilis...
E o Natal é daqui por 8 dias e eu presentes nem vê-los! Nem lista nem nada!