Meti na cabeça que era saudável andar a pé.
Mas de saltos altos não faz nada bem à saúde.
Vai daí, comprei umas botas horrorosas mas muito confortáveis e baratas e lá meti o caminho às costas.
Nada de especial, não fosse o facto de ter de ir para a casa do Pastor impecavelmente arranjada e de ter de correr a aldeia de lés a lés todos os dias.
Contudo, a minha vontade de me tornar numa pessoa saudável era tal que não me incomodei minimamente... a vontade acima de tudo!
E por estes dias lá andei eu à americana, de fatinho e bota de montanha no pé e sapato de salto alto (não é agulha, Joana, que a minha vaidade tem limites e a minha coluna é um deles) num saquinho, na mão. Assim que chegava a algum lado, toca a trocar...
No primeiro dia as pessoas olhavam para mim na rua e era mesmo embaraçoso ter de parar num semáforo. Mas com o passar dos quilómetros, fui ganhando confiança e apercebi-me de que os olhares era afinal de inveja por tamanha coragem.
Isso e o facto de ao fim de dois minutos gritar para quem estivesse ao meu lado
"what the fuck are you looking at"?, no meu irrepreensível sotaque americano (é o que dá ver muitos filmes).
É certo que o facto de não ser obesa não torna a coisa lá muito credível, mas pelo menos criei a tal dúvida razoável de que falavam na "Causa Justa" e in dubio...