Querido diário,
Mantenho há mais de um ano aquilo que por esta altura se poderá chamar já de relação, com alguém que vive no outro lado do país e com quem tive sexo, do verdadeiro (por oposição a virtual), apenas por uma única vez... e assim de fugida.
Aquilo que começou como um mijanço fora do penico, porque eu estava gira e tal, estaria neste momento a ponto de se tornar numa coisa séria não fora o facto de o sujeito ser já comprometido com uma pobre que ignora em absoluto este seu outro lado.
Tinha tido já várias relações à distância.
Todas elas com vida sexual activa e encontros frequentes, todas elas assim denominadas: relação. Com exepção de uma única, nenhuma delas durou mais de 2 meses. A excepção durou 6.
Já esta coisa a que ninguém ousaria jamais chamar relação, que há um ano parecia estar a dar os últimos suspiros, mantém-se de pé. E cada vez mais forte!
Sexo? Daquele à séria? Já passou mais de um ano. E curiosamente é agora que vêm as promessas de amor eterno e as crises de insegurança. Dele, imagine-se!
Porque eu adoro-te e tu nunca dizes que gostas de mim, porque estou apaixonado por ti, porque mais dia menos dia apaixonas-te por alguém e eu vou à vida, e ai que vai ser de mim, e estou a cagar-me se estás gorda ou magra que eu gosto mesmo é de ti, e és uma mulher maravilhosa, e se estás doentinha vou aí dar-te miminhos e beijinhos e sei lá mais o quê que me falha a memória para tanto carinho e tanto elogio e tanta coisinha boa.
E ele é mensagens a toda a hora e até de madrugada para saber se estou melhor e se estou bem e se estou a pensar nele e promete-me que vamos ficar assim por muitos anos por favor!
Tu queres ver que aos quase 30 vou ter de dar razão à minha mãe e às minhas avós e afinal uma mulher honrada e difícil leva a melhor? Terei eu conseguido levar a água ao meu moinho como queria... há uns 20 meses atrás?
Será que o segredo de uma relação forte e duradoura está na distância, dois encontros por ano e falta de sexo verdadeiro?
E eu que não quero destruir uma família, um lar, uma casa e ser no fim de contas o amor das horas vagas, tenho medo agora de lhe dar para trás e tê-lo de repente a mudar-se para Retretes do Meio atrás de mim!(bem me dizia a Cremilde que eu estava tão apaixonada só porque ele tinha namorada e eu tinha a certeza que poderia continuar a fugir do compromisso!)