terça-feira, abril 24, 2007

Não hei-de eu ficar afectada

No planeta onde agora trabalho há personagens para todos os gostos. A minha preferida é a macaca Teodolinda. Preta, de lábio pintado de vermelho vivo, grita de manhã à noite, come da marmita coisas estranhas e muito mal-cheirosas às 4 da tarde e queixa-se o dia todo que tem muito trabalho: decalca números em folhas de papel porque, no seu entender, a máquina que os imprime já tem pouca tinta. Dizem-me que se tem ocupado desta maneira nos últimos anos.

No planeta onde agora trabalho há muito pouco dinheiro e acontece por vezes faltarem bens essenciais como selos, material de escritório, papel higiénico. Na semana passada não havia papel higiénico.

Ontem, sentada de sanita, reparo que um dos dois rolos de papel que nos estão destinados para a semana estava escondido no candeeiro da parede, entre duas folhas e uma flor de cristal do aplique.

À saída do toilette cruzo-me com a macaca Teodolinda.
"Já viu onde puseram o papel higiénico, Teodolinda?"

"Fui éu!", diz ela no volume que lhe é característico. "Se põem os dois rolos à mão às péssoás começám a usar os dóis ào mésmo témpo! Àssim, escondi à vér si éste dúrá máis!"