domingo, novembro 13, 2005

A angústia do Domingo

Nunca gostei de Domingos. Nunca, nunca, nunca. Domingos sempre foram dias angustiantes. Um longa espera pela triste Segunda... E então os passeios ao Domingo, em vez de me animarem, punham-me ainda mais angustiada e inquieta e deixavam-me com uma neura...
Em pequena, Domingos eram dias de trabalhos-de-casa, de arrumar a mochila (que tinha ficado na entrada na maravilhosa tarde de Sexta-feira) e de MacGyver. Era dia de não sair de casa. Fosse a minha ou a dos avós. Em alternativa o Domingo era dia de enjoo e longas conversas com o meu amigo Gregório depois de mais uma infeliz ideia dos idiotas dos meus pais acerca do sítio novo a descobrir. Sim, eles eram uns radicais, para o seu tempo, e divertiam-se a descobrir onde é que esta estradinha de terra batida perdida no meio da serra vai dar? E para eles este era um Domingo bem passado nem que isso significasse ficar a cheirar a azedo e relembrar o que tinha sido o almoço da semana anterior.
Acho que é por isso que não gosto dos Domingos.
Entretanto cresci, Graças a Deus, e sou eu que decido o que fazer dos meus Domingos. Mas não é por isso que gosto mais deles.
Por mim hibernava hoje, agorinha mesmo, e só acordava na Sexta à tarde.
Domingo agora significa DILEMA: limpo a casa ou não?
E a resposta é invariavelmente que se lixe!
Se está sol, é óbvio que não a vou limpar que eu sei lá se amanhã estou viva e de que me adianta "ir" com a casa limpinha se não pude aproveitar o meu último fim-de-semana de sol a andar a cavalo pela praia? Quando chover logo limpo a casa que não me vai restar mais nada para fazer.
Já se chove... bem, se chove e está frio o que apetece é ficar enroladinha no sofá, com muitos chocolates e bolachas à frente, cacao-quente ou chá numa mão e um comando na outra a ver filmes românticos, bem tapadinha com a manta e sonhar com o príncipe encantado e a casa que se lixe que eu sei que ele está quase a chegar e há que praticar o que lhe vou dizer e como nos vamos encontrar que quero estar preparada para quando esse dia chegar.
E acabo a noite de Domingo ainda mais angustiada, a ver o Esquadrão G e a pensar no que diriam se viessem ao meu palacete e nos tupperwares com coisas (já) vivas que tenho no frigorófico e que ainda não foi desta que deitei fora e que a continuar assim nunca irei usar as falas que pratiquei durante a tarde porque assim que chegar a minha casa o meu príncipe encantado foge acagaçado com a ideia de eu o poder esquartejar e guardar no frigorífico à semelhança do que deverei ter feitos com os outros tal é o fedor que de lá emana.
Oh Deus, porque não me dotaste com aquele gene maravilhoso da donas de casa? Porque não sou eu maníaca das limpezas? E eu que sempre pensei que o gene se desenvolvesse com a idade adulta... em vez disso tenho dois repetidos de preguicite aguda e estão ambos altamente desenvolvidos (suponho que andam a fazer musculação).. Alguém quer um para troca?