quarta-feira, dezembro 21, 2005

Dou o braço a torcer (mas só um bocadinho)

E admito, por mera hipótese académica, o que não se concede, que talvez possa estar apaixonada, minha querida Cremilde.
E que sou burra que nem uma porta. Pois não aprendi já que há momentos mágicos e que não se podem desperdiçar oportunidades que podem nunca mais voltar a surgir??? Pois parece que não e continuo a marrar com a cabeça na parede por causa do logo se vê, agora não, mais logo que não faltarão marés que marinheiros também não.
Pois faltam sim e eu tenho de ter plena noção disso.
Ai que estúpida, estúpida, estúpida.
Mas já tenho um plano e vou pô-lo em acção e alguém há-de ficar a pensar em mim nos dias que se seguirão.
Agora que o ano está prestes a acabar posso revelar que um dos meus mais fortes desejos, o que me fez engolir as oito passas que me restavam (depois de pedir saúde e dinheiro para mim e para alguns membros da família) de uma vez com uma taça de champanhe de golada enquanto assistia a um fogo de artifício mixuruca pelo qual paguei uma obscenidade, foi o mais simples e comum de todos os desejos de uma mulher de bem que apesar de moderna é uma romântica incorrigível: viver um grande amor!
Mas quando o pedi tinha em mente outra coisa (tipo, vivê-lo a dois e não unilateralmente).
E tinha em mente vivê-lo, de facto, ainda este ano (talvez devesse ter cagado na saúde e no dinheiro que isso nunca há e não e ter aproveitado as doze passas todinhas só para este. Nota: fazer isso este ano).
É certo que não me posso queixar e este ano não foi propriamente parco em espécimes do sexo masculino, mas amor, amor, daquele que nos faz transpirar frio e sentir formigueiro na barriga, o que nos faz acordar de noite com um sorriso estúpido só porque ELE estava no sonho (mesmo que se tratasse de um pesadelo), o que nos tira o apetite e o sono e nos faz andar nas nuvens... népias.
Ou pelo menos eu não tenho permitido que assim seja, ainda que por vezes me distraia.
Sucede porém que de há uns meses (vários) para cá, a barriga insiste em formigar de vez em quando, as mãos transpiram ligeiramente, a pulsação acelera um pouco (mas só porque ando stressada de certeza) e o meu humor varia em função de coisas tão ridículas como "ele hoje tocou-me!" (se for "acha-me gira" o Bin Laden pode lançar as tais das armas biológicas que eu continuo a achar o mundo um belíssimo sítio para se viver e nem me importo se um camião TIR me passar por cima).
E tudo isto apesar da minha constante concentração.
Não, claro que não estou apaixonda, Cremilde, não sejas parva. É só flirt. E é muito melhor assim. Nem quero saber se tem namorada ou não. Até prefiro nem saber para que se não quebre o encanto.
E se calhar é mesmo e o facto de eu odiar o Natal, que desde que me conheço por gente foi sempre a época preferida do ano, porque isso significa estar uma semana inteira sem o ver e ter um medo terrível de que esta separação arrefeça as coisas seja apenas e só fruto da minha adicção (existirá em português?) ao flirt.