É mais ou menos como encontrar uma casa (e acredita, querido diário, que te fala a voz da experiência que em menos de 10 anos já lá vão 4 lares e tanto homem que já lhes perdi a conta!)
Uma pessoa decide (ou decidem por si) mudar de casa e imagina o novo ninho. Claro que se procura sempre um poiso melhor que o anterior e por isso não se aceita nada que não seja no mínimo um T2 com 100m2, varanda, vista desafogada, garagem, elevador, de preferência com aquecimento central, num sítio central e perto de transportes. Ah, sim, e numa zona bonita. E já agora se tiver banheira de hidromassagem então... Por tudo isto não pagarei mais do que uns 400/450 euros mensais!!!, pensamos nós.
Claro que à medida que a busca vai evoluindo, há requisitos que vão caindo... e esquece lá a garagem... e caga na hidromassagem... e que se lixe, como cereais e pago €500 de renda... e afinal ter vista directa para a casa de banho do vizinho da frente até nem será tão mau assim... e que se foda tudo que o que eu quero é um tecto e é já!
E quando estamos já dispostos a pagar €650 por um T1 de 30m2 numa cave refundida no meio de um bairro de lata com as paredes por pintar e cogumelos no tecto, eis que aparece miraculosamente um cantinho com o qual nos identificamos.
Certo, não tem exactamente as mesmas características que exigíamos inicialmente, mas entramos porta adentro e sabemos, bem no nosso íntimo, como se subitamente se acendesse uma luzita cá dentro, que aquele é o nossso novo lar. Assim, sem mais. We just know!
São 60m2 em vez dos 100 e não há varanda nem garagem. E não tem hidromassagem, mas tem banheira o que já não é mau. E falta-lhe também a vista.
Mas sem nos apercebermos, concluímos rapidamente que o conjunto é muito bom e que aqueles pequeninos defeitos que não estávamos dispostas a suportar afinal até nem são tão visíveis assim porque o resto supera tudo.
E então começamos a duvidar da nossa sorte... porque quando a esmola é grande o pobre desconfia.
Eu, que tenho de facto experiência nestas coisas, começo a achar que é tudo uma questão de timing. As coisas, sejam casas ou pessoas, aparecem quando têm de aparecer. E se repararmos bem, é quando baixamos as nossas exigências para um nível razoável.
Eu encontrei os dois. E quase ao mesmo tempo.
Só faltava mesmo ganhar o euromilhões! (porra, lá estou eu a subir a parada outra vez!)