terça-feira, setembro 13, 2005

Diário do meu coração

Estou com uma dúvida que me rói a alma, tira o sono e põe umas olheiras até ao umbigo... já não posso mais! Não como, não durmo, não penso, não saio... nada... só penso nisto. E tudo porque não sou capaz de estar sogadita...
Não. Eu não podia ser igual a toda a gente e limitar-me a esticar a pernita cheia de bronzeador enquanto o sol, suavemente, me pusesse linda e loura... Não senhor, que eu gosto de primar pela diferença e vai daí, aproveitando o facto de este ano a espécie humana ter sido picada por um mosquito qualquer ao qual sou absolutamente imune, pus-me a observar o milhentos casaisinhos que passeavam atracados na praia.
Observei e observei e vi e estudei e hipoteseei e cheguei a uma conclusão que me deixou neste estado...
OS FACTOS:
1) Os homens bons comómilho, de abdominais bem definidos, ombros largos e fortes, olhos claros e rabinho rijo, andam sempre com gordas-matrofonas-de-bigode-de-fazer-inveja-a-qualquer-treinador-de-futebol-e-celulite-até-nas-orelhas;
2) Em contrapartida, e confirmando a velha máxima de que "há sempre um testo para cada panela", as raparigas dos anúncios de revistas masculinas e corpus danone escolhem sempre, para companheiros, os matrofões que deveriam estar a fazer par com a espécie acima descrita.
AS CONCLUSÕES:
1) Quem manda nisto tudo sabe o que faz e afinal de contas o equilíbrio da natureza está assegurado por mais Katrinas que venham. Se assim não fosse, se os bonitos andassem só com bonitos e os feios só com feios, em breve teríamos duas espécies de seres humanos: as divindades e os monstros.
2) Por outro lado, é possível que desta forma chegássemos a um estado de perfeição tal que nos assemelharíamos a Deuses, já que a espécie monstrenga seria rapidamente eliminada (Darwin explica isso)... desconfio que neste caso os mais fortes seriam os médicos obstretas-six-pack e as parteiras-86-60-86 deitariam imediatamente ao lixo as crianças horrendas filhas de pais feios assim que viessem ao mundo, tal seria o susto.
3) Como acredito que Deus é bom e que é ele quem manda nisto tudo, Deus deve ser muito feio e por isso, imaginando também as consequências desta segunda hipótese, programou-nos para agirmos de acordo com a primeira.
4) Que sou eu? O que me espera no futuro?
É aqui que a porca torce o rabo uma vez que tenho um espelho que me odeia (é mútuo) e até agora só tive namorados gordos... o seguinte mais feio que o anterior... Haverá esperança para mim? Estarei eu a ficar bonita (cada vez mais), sem me dar conta? Serei eu a tal excepção que confirma a regra? Será que o próximo vai ser um Deus grego? Ou será que o meu espelho me enganou todos estes anos e afinal sou uma sereia de fazer inveja à Cindy Crawford e nunca irei além dos gordos cada vez mais gordos e cada vez mais feios?
Oh vala-me nossossinhor...
Qualquer das hipóteses é má e eu não encontro ajuda possível...