Encontrei um homem perfeito. Lindo, charmoso, divertido, inteligente, culto, boa pessoa, melhor colega, óptimo profissional... apesar de tudo isto, acha que sou a 8ª maravilha do mundo e, nas suas palavras, quem me levar ganha o jackpot. E todos os dias quer estar comigo.
Tudo perfeito, portanto.
Tão perfeito que estraga... ou há quem estrague. Ou esforçamo-nos por estragar.
É tudo de tal forma perfeito que busco incessantemente o seu grande defeito, porque também nisto há proporcionalidade e uma pessoa assim tem de ter um grande grande defeito. Qual???
Pois não sei.
Falo com este e com aquele, busco aqui e acolá e aparentemente os inimigos que colecciona não passam de reles funcionários que apenas lhe apontam o profissionalismo e a rectidão como enormérrimas falhas.
Desconfiada que sou, não sosseguei e tratei logo de expor a situação a um colégio de pessoas idóneas: as minhas amigas. Reunião de emergência, uma pizza, um vinho e aí vai aço.
Nada como 5 mulheres para me trazerem de volta à realidade: que não pode ser boa pessoa decerto, que é tudo demasiado rápido e que só pode ser esquizofrénico para me fazer tanto elogio em tão pouco tempo, que quer é ter-me caídinha por ele para depois me dar com os pés, que enfim, é homem e dali nada de bom pode vir.
E eu cada vez mais confusa sem saber em quem acreditar e se devo deixar-me apaixonar ou não. Oh camandér!
Enquanto isso, ele, desconhecendo em absoluto esta minha angústia, continua alegremente a ligar-me e a querer ver-me todos os dias.
E se eu estou enganada e ele quer só ser meu amigo? Estarei a ser convencida?
Ai porra que estava tão sossegada...