quarta-feira, janeiro 12, 2005

Ai que raiva

Irritam-me aqueles saudaveizinhos-a-quem-é-concedido-cada-vez-mais-tempo-de-antena-em-programas-de-dona-de-casa-e-que-para-lá-vão-transmitir-equilíbrio-mental-e-harmonia-com-a-natureza.
Fazem yoga e sexo tântrico, comem ervas, bebem chá e não fumam.
E têm o desplante de vir dizer em praça pública que a vida é maravilhosa desde que estejam em comunhão com as minhoquinhas das couves que também são seres de Deus (embora nunca seja nada de Deus que também não acreditam nessas coisas... é tudo fruto da mãe-natureza).

Pois eu não acredito em nada. Tudo mentira, só pode!
Também já fiz yoga, parei de fumar e tentei dedicar-me à macrobiótica (deve ter sido uma dessas resoluções de ano novo que tomamos quando o champanhe já começou a subir) e nunca me senti tão em desarmonia na minha vida.
A professora de yoga era uma dessas que fala com voz de boazinha e está sempre a sorrir porque nunca tem preocupações e todos os dias salva mais uma mosca do insecticida do vizinho assassino.
Saía de lá ainda mais irritada e decidi que para bem de toda a humanidade mais valia voltar a fumar e a beber e a assassinar formigas indefesas que só se é jovem uma vez na vida e que se lixe a mãe-natureza que eu devo ser enteada!
A mim a carne faz-me falta, os chás lembram-me indisposições e não me parece seguro estar meia hora com os pés nas orelhas. Exercício físico que se preze queima energias em vez de as aumentar! E sexo que é sexo é normalzinho, como Deus nos ensinou a todos, com orgasmos normais, e não internos, ou para dentro ou que sobem pela espinha até à cabeça que isso deve fazer muito mal à saúde.