1) Não sou gorda. Pelo menos é o que toda a gente me diz. Eu sei, podem estar a tentar ser simpáticos, mas quando ouço "eras tão gira quando era mais gordinha..." ou "com dois quilos a mais ficavas linda!", desconfio que não estão propriamente a elogiar-me e que aquela máxima do novo-palhaço-mor potuguês (nunca se é rico demais nem magro demais) é tão verdadeira quanto a sua heterossexualidade e o seu casamento lá com a sôdonaleide.
Principalmente porque não é a minha mãe a dizer isto... as mães só ficam felizes quando estamos com obesidade mórbida...
Não, isto vem mesmo dos meus admiradores! Ou antigos admiradores...
Eu ando a tentar fazer a vontade às pessoas e estou neste momento a entupir-me com Mon Chéries, mas a balança teima em baixar e eu que até gostava de dar sangue estou a ver que não cumpro os requisistos.
2) Como já se percebeu, não gosto de Milk Tray e sim de Mon Chéri, que ainda por cima têm alcool e se for apanhada pela polícia posso sempre dizer "foram os Mon Cheries!"
4) Como também já se percebeu tenho um clube de fãs. Não é muito grande, é certo, mas o suficiente para massajar o ego. Todos antigos namorados/amigos coloridos.
3) O Daniel Cleaver é na verdade boa pessoa e o Mark Darcy é que é um grandessíssimo filho da puta, mas a Leninha explicou-me que os livros tinham de ter um final feliz e azar o meu se na realidade o pior ficou para o fim.
4) O Daniel Cleaver não se chama assim, como é óbvio, mas Ambrósio Fontes. Mais uma vez a Leninha tinha de arranjar nomes falsos que Ambósio lembra os chocolates.
5) O Mark Darcy chama-se Herimar Herbert e portanto isto não funcionava... maketing, diz ela (manias de escritora excêntrica, digo eu).
Mas usemos estes nomes inventados para esclarecer as coisas.
O Daniel apareceu primeiro, claro. Não sei se era o homem da minha vida (espero que existam mais) mas andava lá perto. Tudo o que sempre sonhei. Contudo, por alguma razão que desconheço a determinada altura achou que éramos incompatíveis (não estou bem a ver em quê que até nos entendíamos muito bem na maioria das coisas... mas bom... homens...)
Fiquei traumatizada e achei que ia morrer. Quem mais me apoiou foi a Helen e daí ter ficado com uma má imagem do meu Daniel/Ambrósio.
Entretanto aparece o Darcy, tal qual é descrito pela minha amiga. Educado, polido, bom menino... aqueles de quem as mães gostam sempre. Mas esse é que me traiu da pior forma possível, com a pior pessoa imaginável e no pior evento social... e então percebi que o Daniel era a melhor das pessoas e que na verdade eu tinha sido injusta...
Devo acrescentar que as tais mensagens não-quebre-esta-corrente deram resultado... mas foram tantas as que recebi e reenviei que aqueles 15 dias e 13 dias e 30 dias e 6 noites de luas cheias se devem ter somado todos e quando o Daniel apareceu arrependido a dizer que era eu a mulher da sua vida, que nunca encontraria ninguém como eu, que eu era única, que...que... enfim, aquilo que esperei ouvir durante muito tempo e que faz qualquer uma derreter-se, estava já eu totalmente embevecida pelo Darcy a achar o máximo ter finalmente alguém que me abria a porta do carro e puxava a cadeira para eu me sentar...
Disse-lhe apenas "que isto te sirva de lição!"
Desprezei-o, tal era a raiva que tinha e só estremeci quando, no fim da conversa, me pediu um abraço. Senti aquele cheiro e senti saudades.
Fiquei arrepiada quando o ouvi dizer "que saudades deste cheirinho..." (ha!!! eu tinha despejado meio frasco do meu perfume que eu sei como é poderosa a memória olfativa)
Mas mantive-me fria e distante. Arrogante mesmo. Nem mostrei qualquer emoção... (mulher séria e honesta é também orgulhosa e eles que sofram que bem merecem!)
E agora aqui estou eu a maldizer a minha vida e a desejar secretamente que seja ele o autor dos e-mails anónimos de solidariedade que ando a receber.