quinta-feira, julho 20, 2006

O que vale

é que eu sou uma pessoa extremamente flexível e adapto-me rapidamente a todo o tipo de situações.

E a sorte é que sexta é já depois de amanhã. Ou será amanhã?
Quando é que acaba esta semana mesmo?

segunda-feira, julho 17, 2006

Odeio

Odeio, odeio e odeio.
Tenho-lhes um asco que não os posso nem ver, logo agora que estão pela cidade toda!
E aí andam eles, de chinelete no pé e calçanito fresquinho, boas cores e ar descansado enquanto a menina se encolhe em vestidos demasiado quentes e demasiado justos e demasiado desconfortáveis e caminha, desconfortavelmente, em sapatos de bem parecer e salto alto a desafiar a gravidade e a arrisacr sérios problemas na coluna, com olheiras até ao chão e pelintra que só ela que isto de trabalhar madrugada dentro não dá saúde nem dinheiro a quem, como eu, tem preço fixo, seja de noite seja de dia.
Eu por mim era pôr a hora mais cara à noite, tal qual os taxis, a ver se estas alminhas não pensavam duas vezes antes de chatear o juízo a quem de facto trabalha, já mesmo ao fim do dia com emergências e urgências tolas. Qué lá isto? Por algum acaso tenho cara amarela e letras azuis na testa?
Irra!
E de cada vez que saio do meu buraco para me abstecer de mantimentos, que não há quem se aguente em pé tanta hora sem alimentícimo no cérebro, como dizia uma amiga minha, ei-los outra vez, a falar como quem se vai votitar todo, morenos até à raíz dos cabelos, prontos para mais uma noitada de borga.
Ai como os odeio!
Cabrões, cabrões, cabrões.
E só para os foder a todos hei-de ir eu de férias lá para a terra deles, exactamente na altura em que estiverem todos brancos e esquálidos e fartinhos de trabalhar.
E tenho dito!

domingo, julho 02, 2006

Ora vamoláver- nem tudo o que parece é

E o mesmo se passa com abismos.
Não basta que pareça um abismo. Nããããããããããããã.
Para que a menina aqui se atire de cabeça e sem pára-quedas é preciso que o que parece ser um abismo o seja de facto.
Assim, o primeiro passo é sem dúvida saber reconhecer um abismo.
Não que seja muito complicado porque o abismo verdadeiro revela-se imediatamente.
É uma energia, dizem uns.
Química, contam outros.
O que é não sei mas sei logo no primeiro encontro, ou no máximo na primeira queca, se estou ou não perante um verdadeiro e enorme abismo, aquele que vai estupidificar-me, o responsável pela minha relação esquizóide com o meu telemóvel, computador e todos os meios de comunicação ao dispor (estivéssemos nós ainda no tempo do pombo-correio e desataria eu aos tiros a tudo quanto voasse)
Sucede porém que, como tudo na vida, esta história dos abismos tem vários graus e uma pessoa às vezes pode enganar-se.
Ora bem, um colega de trabalho pode ser, em abstracto, um abismo e dos grandes. Pode. Mas nem sempre é.
E o primeiro sinal é desde logo a cor do carro que conduz. Não há na verdade grande diferença entre alguém que abre a boca para sair de lá um voz igual à do Ricardo, actual herói nacional até à próxima quarta-feira, e alguém que conduz um carro branco. Logo aí uma pessoa desconfia.
Tu queres ver que este abismo só tem dois metros?
As desconfianças começam a ganhar forma quando a criatura, que vem da Amadora (outro sinal embora não muito revelador), nos saúda com um "ois" e concorda com as nossas sugestões com um "óki" dito assim mesmo, a seco e sem cerimónia.
E o abismo afinal só tem um metro de profundidade e por esta altura talvez já não interesse tanto.
A coisa complica-se (ou a desconfiança torna-se certeza) quando, não obstante as nossas vãs tentativas de ensurdecer quando a criatura fala, conseguimos ouvir a pérola que nos arrepia até os pelotes mais pequeninos do fim das costas: O auto-estrada. O. Artigo definido masculino. O!!!
É então que a menina respira fundo, repara que tal como no deserto estava apenas com uma miragem e parte à procura de um verdadeiro abismo, daqueles que nos tiram o sono e o apetite e a lucidez e fazem esquecer as promessas feitas após abismo anterior e lá nos atiramos nós outra vez e caga lá no pára-quedas que a piada disto são mesmo os traumatismos cranioencefálicos.
Abismos, abismos, onde estoides?